Minhas Cinquentas Sombras

Oiiii amores!
Não quero falar do filme “Cinquenta Tons de Cinza”, que, aliás, ainda nem assisti. Na verdade, só estou aproveitando como tema, para escrever sobre euzinha e meus cinquenta tons ou cinquenta sombras, mesmo que não sejam cinquenta… Talvez sejam sete. Por que sete? É o número da perfeição.

Acho que é legal explicar o nome do livro. Por que “Cinquenta Tons de Cinza”? É um trocadilho com o sobrenome do personagem: Grey (cinza em inglês). O nome original é “Fifty shades of Grey”.

“— Por que você não gosta de ser tocado? — Eu sussurro, olhando fixamente para seus olhos cinza suaves”. Cristian Grey responde: “Tenho muito mais sombras que luz. Tenho cinquenta sombras ruins!” (Cinquenta tons de cinza, p.233).

O livro retrata o relacionamento conturbado entre Grey e Anastasia. Ela, estudante de literatura, ingênua, romântica e virgem aos 21 anos. Ele, um homem lindo, podre de rico e praticante de sadomasoquismo. Um cara instável, extremamente controlador, com um passado sombrio e cheio de traumas. Só me pergunto, se esse seu passado justifica seu comportamento.

Os Meus cinquenta tons

Dia desses, um amigo perguntou-me: “Rafa, tem algum lado da sua vida que desconheço?”

Respondi: “Acho que não! Você conhece o meu lado mais obscuro”.

Eu mesma, às vezes caio em mim… Quando estou na consciência do meu “eu” (Rafaella) e não do “outro eu” (vulgo Daniella — nome que uso como puta) e me questiono como consigo fazer certas coisas e mesmo ter prazer.

Não é fácil ser puta. Às vezes me sinto tão suja, com nojo de mim mesma. Basta o cliente gozar e deitar do meu lado, que sinto nojo, um vazio. Aí eu penso: “Rafa, você não precisa disso! Pra que continuar nessa vida?” É como se nesse momento a Daniella deixasse meu corpo. É claro que é brincadeira, mas costumo dizer que a Dani é uma entidade que assume o controle do meu corpo.

Como um feitiço. No Ballet “O Lago dos Cisnes”, a princesa Odette é transformada em cisne, só podendo retomar a forma humana durante a noite. O feitiço comigo é ao contrário. Ao cair da noite, a Princesa se transforma numa vadia, só voltando a sua vida de Princesa a partir do nascer do sol.

Quantas vezes já chorei? Prometi que ia parar. Mas sou de lua. Hoje fico triste, falo que vou parar. Mas amanhã já acordo feliz, querendo fazer tudo de novo… Prostituição é uma droga, um vício. Você acha que pode parar a qualquer momento, mas é viciante demais.

E também excitante demais! Normalmente, eu já chego excitada (ao local do encontro). Faço de tudo pra ter orgasmos. Aliás, me perguntam isso. Se tenho orgasmo em programa. Sim, mas nem sempre! Esforço-me pra satisfazer o cliente, de todas as formas. Gosto de dar prazer, mas também busco o prazer. Não gosto de sexo mecânico. E até um diferencial meu. Gosto de me entregar, de verdade. Como se estivesse com aquele cliente por escolha, por tesão. Adoro beijar! Tem cliente que reclama de puta que não beija. Mas tem que beijar! A não ser quando o cliente tem aquele bafo. Aí eu evito, ninguém merece. Mas se está com a saúde bucal em dia, beijo e beijo muito.

Eu gosto de preliminar, mas tem cliente que não gosta, já quer partir pro fight. Mas eu prefiro começar conversando. Tento descontrair, quebrar o gelo. Gosto de beber com o cliente. Normalmente um whisky (eu bebo com gelo e energético). Sempre bebo antes e durante o programa. Álcool me ajuda a me soltar. Quando já conheço o cliente, eu peço pra me recepcionar com uma taça de champagne. Adoro! Se deixar, bebo sozinha e ainda peço outra garrafa. Mas em geral, eu bebo mais pra me soltar. Evito perder o controle.

Muita gente me questiona, sobre o motivo pelo qual me prostituo, até mesmo cliente. Muito comum o cara dizer: “Nossa, você é tão linda, culta, nem parece garota de programa!”. Pra alguns eu faço drama, digo que meus pais me expulsaram de casa e que continuo nessa vida porque preciso de dinheiro pra pagar faculdade, aluguel e manter meus luxos.

A verdade é que sou prostituta porque gosto! Já me disseram que nasci pra isso. Pode ser mesmo vocação. Certamente já fui prostituta em outras vidas. Já fui princesa também! Fui princesa na Inglaterra, no séc.XV e prostituta na França, séc.XIX. Já fiz regressão (zoeira! Rsrsrs).

Meus pais nem sabem desse meu lado devassa. Ainda sou a princesinha do papai. Ele sempre me deu tudo e ainda paga muita coisa pra mim. Não que eu precise, mas ele ainda paga meu cartão de crédito, por exemplo. Mas a maior parte dos meus gastos, como roupas e tal, eu pago em cash. Gosto de ter meu próprio dinheiro. E pretendo, em breve, abrir meu próprio negócio. Uma grife.

Lá em cima falei que prostituição é uma droga. Conheci putas que se drogam. Que, aliás, se prostituem só pra manter o vício. Recentemente li um livro, uma autobiografia, até muito chocante. “Na minha pele”, de Kate Holden. “Como uma pessoa inteligente e delicada, vinda de uma infância feliz e de um lar com pais compreensíveis e carinhosos acaba no mundo das drogas e da prostituição? No livro Na Minha Pele, Kate Holden, nascida em 1970 na Austrália, destrincha os caminhos que levam ao submundo. De adolescente tímida à recém-formada em literatura, ela viu-se viciada em heroína e lançada a um mundo de prostituição e pobreza nas ruas e nos bordéis.”

Nunca usei drogas pesadas, como heroína ou cocaína. Uso balinha (ecstasy), geralmente em rave, e fumo erva, de vez em quando, com meu primo. Transar chapada é incrível! Os sentidos ficam muito, muito aflorados. Mas NUNCA fiz programa sob efeito de drogas. Já me ofereceram, mas não aceito. Uma vez um cliente fez aquela carreirinha de pó branco, coisa que eu só tinha visto em filme. Nossa, era muito pó. E ficou insistindo pra eu cheirar com ele. Quando recusei, o cara foi extremamente agressivo, quis até me forçar, gritou que não admitia que uma puta recusasse. Achei que ia me bater. Fiquei apavorada, empurrei ele e fugi, estava no apê do cara. Saí chorando, foi horrível.

Pra terminar, vou tentar explicar porque fiquei sem escrever no blog… É que minha vida ficou tão corrida. Trabalhando como modelo, fazendo programa, faculdade, namorando, indo pra academia, festas. Mas não foi só isso. Fiquei cansada de contar sempre as mesmas coisas, os mesmos conflitos e dramas com o primo… Não é que agora acabou. Ainda continuo a “putinha do primo”. Mas depois de tanto tempo, superei. Os dramas agora são outros.

Bjos!
Desde já, agradeço os comentários! Dúvidas, críticas, sugestões para o próximo post…